quarta-feira, 1 de maio de 2013

Venezuela prende norte-americano acusado de incitar violência pós-eleitoral

Timothy Hallet teria recebido financiamento de ONGs para que estudantes e jovens promovessem ações desestabilizadoras


Um norte-americano de 35 anos, identificado como Timothy Hallet Tracy, foi detido na Venezuela por suposto envolvimento em “planos desestabilizadores” do país. Segundo o ministro de Relações Interiores e da Venezuela, Miguel Rodríguez, o suspeito teria recebido financiamento de ONGs para que estudantes e jovens promovessem ações violentas no país.


Coletiva de imprensa concedida por Rodríguez:


“A missão era nos levar a uma guerra civil”, garantiu o ministro, afirmando que o objetivo final do plano de instabilidade seria provocar “a intervenção de uma potência estrangeira para colocar o país em ordem” e, segundo eles, “reestabelecer a democracia”. De acordo com Rodríguez, o financiamento teria relação com a onda de violência que se alastrou por vários Estados venezuelanos no dia seguinte à eleição presidencial que deu vitória a Nicolás Maduro. 

O ministro mencionou ainda que Hallet teria recebido treinamento como agente de inteligência. “Ele sabe trabalhar na clandestinidade e ganhar adeptos que possam defendê-lo em situações complicadas”, falou, explicando a relação do norte-americano com estudantes que conformam um movimento opositor denominado “Operação Soberania”, criado em janeiro deste ano, e que promoveu protestos com diferentes metodologias nos últimos meses. 

Antes do anúncio da morte de Hugo Chávez, membros do grupo se manifestaram com as mãos acorrentadas, para que as autoridades do país dissessem “a verdade sobre a saúde do presidente”. Antes da eleição de 14 de abril, acamparam em uma praça de um bairro nobre de Caracas e iniciaram uma greve de fome, em protesto contra o órgão eleitoral do país. Após as eleições, o grupo voltou a se reunir, denunciando “fraude” no pleito e exigindo a recontagem dos sufrágios. 


Gravação mostra supostos líderes estudantis de ultradireita organizando atos de desestabilização:
O Departamento de Estado dos EUA disse estar esperando informações sobre a situação de Hallet. Segundo a imprensa local, um amigo do norte-americano afirmou que ele é um cineasta que produzia um documentário. Rodríguez informou, no entanto, que 500 vídeos foram confiscados em uma operação, como provas de um plano denominado de “Operação Abril” pelo Sebin [Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional], que atua no caso. “Todos os indícios conseguidos sinalizam que o dia das eleições correria em plena normalidade, mas que a partir dos resultados emitidos pelo CNE haveria um desconhecimento por parte do candidato da direita”, afirmou, aludindo ao opositor Henrique Capriles. 

Desconhecimento

Na noite de quinta-feira, o ex-candidato anunciou, em entrevista ao canal privado Globovisión, que entrará com um recurso na Justiça para impugnar a eleição presidencial, a qual afirma ter ganhado. No dia seguinte às eleições, o ex-candidato convocou seus apoiadores a realizar um panelaço contra a proclamação de Maduro como presidente do país. Neste dia, atos de violência foram registrados em diferentes partes do país, com incêndios provocados e disparos, que culminaram na morte de pelo menos nove pessoas, a maior parte delas identificada com o chavismo.

"Todos os cenários indicavam isso, e informamos o alto comando do governo que já sabíamos que viria um desconhecimento [dos resultados eleitorais] e que iam gerar ações violentas e de rua, que aumentariam durante os dias, que iam gerar um espiral de violência com intenções de desestabilizar e deslegitimar o governo", garantiu Rodríguez. Após as mortes, o governo prometeu que os responsáveis pelos crimes cometidos serão condenados, e uma comissão de investigação foi anunciada pela Assembleia Nacional do país.


Em alusão a um dos vídeos apresentados por Rodríguez como prova do financiamento de estudantes para a promoção dos atos de violência pós-eleitoral, o coordenador do movimento estudantil Javu (Juventude Ativa Venezuela Unida), Ulises Rojas, afirmou membros do governo “são uns irresponsáveis”. “Agora difundem um vídeo no qual supostamente nós aparecemos organizando um golpe de Estado com membros da CIA”, disse. Segundo ele, o movimento espera instruções de Capriles para a realização de novas atividades da oposição: “Não vamos afrouxar”, concluiu.


Em comunicado, no qual qualificam o governo como “ilegítimo”, os integrantes do “Operação Soberania” respondem às acusações, afirmando: “Nós não nos escondemos atrás da violência. Somos transparentes, patriotas e firmes em nossas convicções”. No texto, o grupo pede que o governo “resolva a grande dúvida que os venezuelanos têm sobre os resultados de 14 de abril” e o fim do que consideram ser uma “perseguição aos estudantes”.

FONTE: OperaMundi

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