sexta-feira, 29 de março de 2013

El Salvador lembra aniversário da morte de arcebispo que lutou contra ditadura

Óscar Romero foi assassinado um dia após pedir às forças armadas do país para que recuperassem "a consciência"


Os salvadorenhos lembram neste domingo (24/03) o aniversário de 33 anos do assassinato do arcebispo de San Salvador Óscar Arnulfo Romero, cometido por um franco-atirador e que permanece impune. Romero foi atingido por um disparo no peito quando realizava uma missa na capela de em hospital para pacientes de câncer na capital salvadorenha em 24 de março de 1980, pouco antes da eclosão da guerra civil no país, que durou até 1992.

Efe
Salvadorenha participa de manifestação em lembrança pelo assassinato do arcebispo de San Salvador, Óscar Romero

Romero foi um dos expoentes da luta contra a repressão e as ditaduras na América Central. Ele foi morto um dia depois de fazer um discurso no qual pediu às forças armadas do país para que recuperassem "a consciência" e se negassem a atacar a população salvadorenha.

"Quero fazer um apelo, de maneira especial, aos homens do exército. Frente a uma ordem para matar dada por um homem, deve prevalecer a lei de Deus que diz: 'Não matar'. Nenhum soldado está obrigado a obedecer a uma ordem contra a lei de Deus", afirmou o monsenhor na ocasião.

Mauricio Funes, presidente de El Salvador, afirmou neste sábado (23/03) que continua ao lado do povo salvadorenho “à espera da verdade” sobre a morte de Romero. "Esperamos que a justiça chegue ao interior do caso e revele essa verdade, que é devida não só aos familiares do arcebispo, como à Igreja Católica e a todo o povo salvadorenho”, disse Funes.

A Comissão da Verdade que investigou os crimes cometidos durante a guerra civil de El Salvador iindicou em seu relatório, feito há 20 anos, a “evidência plena” da complicidade no assassinato do também já falecido Roberto D'Aubuisson, fundador da ARENA (Aliança Republicana Nacionalista), partido que governou o país entre 1989 e junho de 2009.

No entanto, uma Lei de Anistia aprovada em 1993, um ano depois dos Acordos de Paz de 1992 que puseram fim à guerra, deixou na impunidade tanto o homicídio de Romero como outros crimes de lesa humanidade. Com a intenção de reverter esse cenário, organismos locais de direitos humanos pediram na quarta-feira (20/03) à Suprema Corte de Justiça que delcare inconstitucional a Lei de Anistia. Tanto o Supremo como o Parlamento salvadorenho decidiram não derrogar a lei em anos anteriores.

A guerra civil salvadorenha deixou um saldo de 75 mil mortos, oito mil desaparecidos e 12 mil aleijados. Em 1994, o Vaticano abriu processo de beatificação de Romero, a quem muitos latino-americanos chamam de "São Romero da América”.

* Com informações da Agência Efe e Prensa Latina
FONTE: OperaMundi

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