domingo, 30 de dezembro de 2012

Seu Mamede, militante do MST, é assassinado no Pará



Da Página do MST

Por volta das 17h de domingo (23), foi assassinado Mamede Gomes de Oliveira, histórico militante do MST do estado do Pará, que tinha 58 anos.

O "seu Mamede" foi morto dentro de seu lote na região metropolitana de Belém, com dois tiros disparados por Luis Henrique Pinheiro, preso logo após o assassinato. 

Nascido no Piauí, ele ainda criança foi para Pedreira, no Maranhão, e logo depois veio para o Pará. 

Atuou nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), no município de Ananindeua, antes de ir para a ocupação da Fazenda Taba em 1999, hoje Assentamento Mártires de Abril. Neste período, se tornou militante do MST.

Grande lutador e defensor da Agroecologia, nunca abandonou a luta. Tinha certeza de como faria a sua ofensiva ao capital e sempre foi um bom dirigente e educador.

Mamede era uma grande referência na prática da Agroecologia e criou o Lote Agroecológico de Produção Orgânica (Lapo), onde desenvolvia experiências de agricultura familiar para comercialização e consumo próprio.

Mamede Gomes de Oliveira não foi apenas mais uma vítima da violência banal, como a grande imprensa do estado está tratando o caso. 

O MST exige que o assassinato de “seu Mamede” seja apurado e que este caso não fique impune.

A produção agroecológica transformou uma área de capim e coco em um agro-sistema diversificado, com mais de 80 espécies vegetais.

“A gente tenta diversificar o máximo possível”, afirma o assentado Mamede Oliveira.

Nessa experiência, entre outras coisas, é produzido mel, própolis, coco, banana (11 variedades), açaí, cupuaçu, feijão caubí, macaxeira, mandioca, além da plantação de flores.

"Saúde e agroecologia não pode pra separar. É fato de a gente fazer essa ligação, porque não dá pra separar. Pra agricultura camponesa, é de suma importância, porque faz o diferencial com o agronegócio", diz o assentado.

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A justiça e os governantes do estado do Pará estão de olhos fechado para a chacina dos defensores da floresta, do povo e da juventude que esta sendo dizimada. 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Já está no ar a íntegra do III Curso Livre Marx-Engels!

Confira abaixo todas as aulas do Curso, organizado pela Boitempo Editorial, Sindicato dos Bancários de São Paulo e Centro de Pesquisas 28 de Agosto. Ao todo foram 10 aulas, de 18 de agosto a 22 de setembro de 2012.






Confira o ebook de A sagrada família!

O ebook dos Grundrisse está sendo desenvolvido e será lançado em 2013!





Observação: a aula de Paulo Barsotti sobre A situação da classes trabalhadora na Inglaterra está sendo editada novamente pois o arquivo apresentou problemas. Será publicada em janeiro!
Veja também as aulas da primeira edição do Curso:

FONTE: Boitempo
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cartão de Natal de Banksy mostra muro de Israel no caminho da Sagrada Família

No desenho, Jesus não poderia ter nascido na cidade palestina de Belém nos dias atuais por conta de bloqueio israelense

Um cartão de Natal pouco convencional está sendo compartilhado ao redor do mundo por milhares de pessoas nas redes sociais. A paisagem tradicional bíblica de José e Maria – que aparece montada em um burro – caminhando em direção à estrela de Belém, onde Jesus nasceria, não seria nada estranha se não fosse pelo extenso e alto muro que interrompe o seu caminho. 

O artista britânico Banksy dá o seu toque à data religiosa, lembrando que Cristo não poderia ter nascido no estábulo na cidade palestina nos dias atuais. José e Maria, assim como milhares de palestinos residentes de Nazaré (nome atual de Galileia), não poderiam sair de sua cidade e caminhar até Belém, na Cisjordânia, que está, totalmente, cercada pelo muro construído por Israel.

Grafite do artista britânico no "muro da vergonha" em Belém, cidade palestina onde nasceu Jesus

O muro de concreto, de 760 quilômetros de extensão e cerca de 8 metros de altura, começou a ser construído pelo governo israelense em 2002 e já está quase concluído. Com o suposto propósito de evitar a passagem de terroristas nas áreas de Israel, a “barreira da separação” coincide em apenas 20% com a Linha do Armistício de 1949. O restante, está situado em território, por lei, palestino. 

Classificado como “muro do apartheid”, essa construção foi criticada por autoridades e entidades internacionais, como as Nações Unidas e a Corte Internacional de Justiça, além de receber a atenção de artistas como Banksy. 

Por meio de grafites e stencils, o britânico imprimiu o seu tom irônico e sarcástico no muro do lado palestino. Uma janela, uma cortina, uma vidraça quebrada e balões furam o bloqueio israelense e levam o povo palestino a enxergar o “outro lado” que aparece como praia, céu ou rio. 

(Grafite de Banksy no muro israelense na Cisjordânia mostra garota voando para o outro lado do muro por meio de balões)
Agora, o artista britânico, de identidade real desconhecida, faz com que a Sagrada Família enfrente o apartheid.

FONTE: OperaMundi

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Morre Enrique Oltuski, um dos líderes da Revolução Cubana

Socialista, de 82 anos, foi amigo íntimo de Che Guevara com quem lutou na guerrilha contra Fulgêncio Batista
Um dos líderes da Revolução Cubana, Enrique Oltuski faleceu aos 82 anos neste domingo (16/12) em Havana. Amigo íntimo de Ernesto Che Guevara, este socialista participou do Movimento 26 de julho durante a luta contra o ditador Fulgêncio Batista e até os dias atuais, atuou no Ministério da Indústria da Pesca.

De acordo com o relatório oficial, Oltuski faleceu de “insuficiência respiratória” na capital cubana. Seu corpo foi cremado e enterrado no cemitério de Colón em Havana neste domingo (16/12).

Durante a revolução, o político cubano era o responsável do movimento socialista na província central de Las Villas (atual Villa Clara) aonde conheceu Che Guevara quando este chegou com as colunas guerrilheiras em 1958 na região. Logo, se tornaram amigos e Oltuski trabalhou sob as ordens do argentino por cinco anos.

Foi ele que apresentou Che Guevara a Aleida March, que se tornaria a sua segunda esposa.

Oltuski participou, durante anos, do governo cubano, liderando o Ministério de Comunicação e da Pesca.

FONTE: OperaMundi

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Comunicado da Comissão de Organização do Ato em homenagem Sérgio Miranda

Estamos aqui reunidos para reverenciar a memória de Sérgio Miranda, falecido em 26 de novembro passado. Desde esta data, muitos partidos, organizações, movimentos democráticos, populares e revolucionários, além de vários camaradas, companheiros, personalidades e amigos, manifestaram-se consternados por esta perda e destacaram diferentes aspectos de sua memorável figura de militante político e comunista, intelectual culto e inquieto, firme em seus princípios e amplo em suas ações, combativo e coerente, responsável e dedicado, que já o haviam transformado em uma referência política importante no contexto nacional e num dos principais dirigentes da esquerda brasileira. Militante crítico e aberto aos grandes dilemas e impasses da atualidade, sem sectarismo e sem o ativismo pequeno, estava completando 50 anos de militância, neste ano de 2012.


Sérgio nasceu em Belém do Pará, mudou-se ainda jovem para o Recife e, em seguida, foi morar com os avós em Fortaleza, onde se integrou no movimento estudantil com a idade de quinze anos. Na sua trajetória política, militou em vários estados, entre eles Bahia, São Paulo e Minas Gerais, este último a partir de 1977, onde fixou-se, em definitivo a partir de 1980.

Viveu longo tempo na clandestinidade com Cristina Sá, companheira – e também militante comunista – que o acompanhou até o final de sua vida, pois o início de sua atividade política coincidiu com a implantação da ditadura militar no país. Expulso da Universidade Federal do Ceará em 1969, por aplicação do decreto-lei 477, viveu, desde então, na clandestinidade, até o final dos anos 70, desempenhando com energia e destemor uma infinidade de atividades políticas na resistência revolucionária, popular e democrática à ditadura e na luta pelo socialismo. Foi militante e dirigente do Partido Comunista do Brasil por 43 anos, tendo, inclusive, papel crucial em sua rearticulação após o episódio que ficou conhecido como “chacina da Lapa”, no qual, teve a maior parte do seu Comitê Central dizimado, covardemente, pela repressão da ditadura e, do qual se afastou, em 2005, na busca da preservação da coerência entre o que pensava e as suas atitudes práticas.

Sérgio Miranda pertenceu àquela geração do pós-guerra intensamente engajada nas causas revolucionárias e socialistas, que se viu influenciada tanto pela chamada “guerra fria”, em que se defrontavam dois grandes campos: o capitalista-imperialista e o socialista, como pela eclosão de muitas revoluções de diversas colorações, em especial, socialistas e de libertação nacional, entre elas a chinesa, a argelina, a cubana e a vietnamita, que, em certo momento, que confrontaram abertamente a ordem capitalista mundial e vislumbraram a possibilidade de uma virada revolucionária.

Esta mesma geração também assistiu a crise e a derrocada do chamado campo socialista e o apogeu do triunfalismo político e ideológico do capitalismo, que pareceu varrer do planeta qualquer alternativa de mudança no status quo vigente, expressos na enorme disseminação da propaganda ideológica do capitalismo financeiro hegemônico como as doutrinas do “fim da história” e a de que “não existem alternativas” à ordem vigente, iniciadas, precocemente, com os sucessivos golpes militares na América Latina e que atingiram seu ápice com a era Reagan-Thatcher.

O movimento revolucionário defrontou-se, a partir de então, diante de enorme crise, que perdura até hoje.

Na avalanche reacionária que se seguiu e nas teorizações disseminadas pelos grandes meios de comunicação e acadêmicos das classes dominantes, procurou-se aniquilar a experiência histórica revolucionária das classes trabalhadoras e fazer tabula rasa da luta contra a exploração e a opressão, bem como uma guerra cerrada de desmoralização e desqualificação de sua principal expressão teórica, ideológica e política: o marxismo.

Era como tudo tivesse se movido de pernas para o ar e, para os revolucionários, tudo novamente se recolocasse: por onde recomeçar, o que fazer, que táticas e estratégias a adotar, que erros corrigir, que bandeiras levantar, que formas de lutas e organização adotar.

Poderíamos lembrar, a propósito, o poema do dramaturgo, poeta e militante comunista Bertolt Brecht, escrito nos anos 30, intitulado “Aos que hesitam”, que se inicia com os implacáveis versos:

“Você diz:

Nossa causa vai mal”.

E que se encerra com versos ainda mais implacáveis, pois descortina a verdadeira saída:

“Isso você pergunta. Não espere

Nenhuma resposta senão a sua.”

Sérgio Miranda conquistou o papel de referência entre todos que o conheceram porque nunca demonstrou hesitação em suas convicções ideológicas e políticas, não negou problemas, procurou enfrentá-los e contribuir com suas próprias respostas.

Trabalhava coletivamente, mantinha relações amplas, não cultivava rancores e não abria mão de princípios.

Nos últimos anos de sua vida foi um destacado parlamentar na Câmara dos Deputados, por Minas Gerais. Enfrentou uma crise política e pessoal dificílima quando considerou que tinha de se definir diante da ameaça institucional que pairava contra direitos fundamentais dos trabalhadores, de que se considerava – e era – um representante. Na sua avaliação serena, posicionou-se em defesa destes direitos, postura de que nunca se arrependeu.

Na sequência destes acontecimentos, participou ativamente de inúmeras articulações com partidos, movimentos e pessoas, que culminou no movimento popular pró-frente de unidade popular, um amplo esforço de busca de um programa mínimo de unidade de forças comprometidas com a criação de uma nova alternativa política para o país.

O momento é propício, pois o sistema imperialista, a partir sobretudo de 2008, arrasta povos e países numa nova crise sistêmica, como uma única certeza: superexploração, desemprego e destruição dos direitos sociais básicos. Diante de tais ameaças, assiste-se o ressurgimento gradual das movimentações sociais, dando um alento neste momento difícil da humanidade. O movimento democrático e popular, os partidos e dirigentes políticos, os intelectuais e o conjunto da militância e dos ativistas, enfim, todos os pioneiros sociais, diante de tais ameaças, precisam construir uma unidades cada vez mais sólidas em tornos de lutas e manifestações.

Não são muitos os quadros políticos, em termos nacionais, qualificados para desenvolver tal interlocução. Sérgio Miranda, indiscutivelmente, pela sua trajetória, grandeza, coerência e firmeza, era um deles.

Procuramos lembrar aqui, com franqueza e respeito à sua memória, aspectos centrais de seu legado. Conclamamos a todos a cultivar este legado. E, juntamente com os presentes, prestamos nossas homenagens revolucionárias a esta grande figura humana e engajada que foi Sérgio Miranda. Apresentamos, igualmente, nossos profundos sentimentos à companheira Cristina e aos demais familiares. 
Sávio Bones

E-MAIL RECEBIDO DO SAUDOSO CAMARADA DANIEL VEIGA

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A RESISTÊNCIA - FILME

Indicação de filme para assistir.


RESISTÊNCIA & LUTA 

A história de heróis que entregaram suas vidas em defesa da pátria, do povo, da liberdade e dos ensinamentos humanista do comunismo
Heróis que tombaram, que lutaram, que resistiram; heróis de verdade, não aqueles contados em frentes a lareira segurando seus canecos de chocolate quente; romantizados nas estórias com cenários mitológicos e o amor da linda donzela que o espera, acabando quase sempre em finais felizes; mas com rapazes determinados e com forças surpreendentes, que andavam sujos de lama com a capa da coragem e as baionetas enferrujadas. Heróis forjados nas duras batalhas da realidade. As vezes solitários, vazios, que guardaram na mente e no peito a dor da guerra, do cansaço e da esperança que muita das vezes viram escorregar pelas suas mãos, não tendo forças para segura-las e voz para abdica-las.

Muitos morreram por amor, por ódio, por justiça, por lealdade; mas, os que sobreviveram carregam a ambiguidade de uma guerra, de um ideal e tornaram-se mártir da nação, do seus países e camaradas valorosos. Acreditando que não existe diferença nem raça quando se luta pela unidade, pela revolução e pelo Marxismo-Leninismo. 

VIVA OS HERÓIS DA RESISTÊNCIA!

Luciano Seki
ÉGUA, PAI D'ÉGUA

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O comunismo ético de Oscar Niemeyer - Por Leonardo Boff

Leonardo Boff

Teólogo, filósofo e escritor

Não tive muitos encontros com Oscar Niemeyer. Mas os que tive foram longos e densos. Que falaria um arquiteto com um teólogo senão sobre Deus, sobre religião, sobre a injustiça dos pobres e sobre o sentido da vida?
Nas nossas conversas, sentia alguém com uma profunda saudade de Deus. Invejava-me que, me tendo por inteligente (na opinião dele) ainda assim acreditava em Deus, coisa que ele não conseguia. Mas eu o tranquilizava ao dizer: o importante não é crer ou não crer em Deus. Mas viver com ética, amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem. Pois, na tarde da vida, o que conta mesmo são tais coisas. E nesse ponto ele estava muito bem colocado. Seu olhar se perdia ao longe, com leve brilho.
Impressionou-se sobremaneira, certa feita, quando lhe disse a frase de um teólogo medieval: "Se Deus existe como as coisas existem, então Deus não existe”. E ele retrucou: "mas que significa isso?” Eu respondi: "Deus não é um objeto que pode ser encontrado por ai; se assim fosse, ele seria uma parte do mundo e não Deus”. Mas então, perguntou ele: "que raio é esse Deus?” E eu, quase sussurrando, disse-lhe: "É uma espécie de Energia poderosa e amorosa que cria as condições para que as coisas possam existir; é mais ou menos como o olho: ele vê tudo mas não pode ver a si mesmo; ou como o pensamento: a força pela qual o pensamento pensa, não pode ser pensada”. E ele ficou pensativo. Mas continuou: "a teologia cristã diz isso?” Eu respondi: "diz mas tem vergonha de dizê-lo, porque então deveria antes calar que falar; e vive falando, especialmente os Papas”. Mas consolei-o com uma frase atribuída a Jorge Luis Borges, o grande argentino:”A teologia é uma ciência curiosa: nela tudo é verdadeiro, porque tudo é inventado”. Achou muita graça. Mais graça achou com uma bela trouvaille de um gari do Rio, o famoso "Gari Sorriso: "Deus é o vento e a lua; é a dinâmica do crescer; é aplaudir quem sobe e aparar quem desce”. Desconfio que Oscar não teria dificuldade de aceitar esse Deus tão humano e tão próximo a nós.
Mas sorriu com suavidade. E eu aproveitei para dizer: "Não é a mesma coisa com sua arquitetura? Nela tudo é bonito e simples, não porque é racional mas porque tudo é inventado e fruto da imaginação”. Nisso ele concordou adiantando que na arquitetura se inspira mais lendo poesia, romance e ficção do que se entregando a elucubrações intelectuais. E eu ponderei: "na religião é mais ou menos a mesma coisa: a grandeza da religião é a fantasia, a capacidade utópica de projetar reinos de justiça e céus de felicidade. E grande pensadores modernos da religião como Bloch, Goldman, Durkheim, Rubem Alves e outros não dizem outra coisa: o nosso equívoco foi colocar a religião na razão quando o seu nicho natural se encontra no imaginário e no princípio esperança. Ai ela mostra a sua verdade. E nos pode inspirar um sentido de vida.”
Para mim a grandeza de Oscar Niemeyer não reside apenas na sua genialidade, reconhecida e louvada no mundo inteiro. Mas na sua concepção da vida e da profundidade de seu comunismo. Para ele "a vida é um sopro”, leve e passageiro. Mas um sopro vivido com plena inteireza. Antes de mais nada, a vida para ele não era puro desfrute, mas criatividade e trabalho. Trabalhou até o fim, como Picazzo, produzindo mais de 600 obras. Mas como era inteiro, cultivava as artes, a literatura e as ciências. Ultimamente se pôs a estudar cosmologia e física quântica. Enchia-se de admiração e de espanto diante da grandeur do universo.
Mas mais que tudo cultivou a amizade, a solidariedade e a benquerença para com todos. "O importante não é a arquitetura” repetia muitas vezes, "o importante é a vida”. Mas não qualquer vida; a vida vivida na busca da transformação necessária que supere as injustiças contra os pobres, que melhore esse mundo perverso, vida que se traduza em solidariedade e amizade. No JB de 21/04/2007 confessou: ”O fundamental é reconhecer que a vida é injusta e só de mãos dadas, como irmãos e irmãs, podemos vive-la melhor”.
Seu comunismo está muito próximo daquele dos primeiros cristãos, referido nos Atos dos Apóstolos nos capítulos 2 e 4. Ai se diz que "os cristãos colocavam tudo em comum e que não havia pobres entre eles”. Portanto, não era um comunismo ideológico, mas ético e humanitário: compartilhar, viver com sobriedade, como sempre viveu, despojar-se do dinheiro e ajudar a quem precisasse. Tudo deveria ser comum. Perguntado por um jornalista se aceitaria a pílula da eterna juventude, respondeu coerentemente: "aceitaria se fosse para todo mundo; não quero a imortalidade só para mim”.
Um fato ficou-me inesquecível. Ocorreu nos inícios dos anos 80 do século passado. Estando Oscar em Petrópolis, me convidou para almoçar com ele. Eu havia chegado naquele dia de Cuba, onde, com Frei Betto, durante anos dialogávamos com os vários escalões do governo (sempre vigiados pelo SNI), a pedido de Fidel Castro, para ver se os tirávamos da concepção dogmática e rígida do marxismo soviético. Eram tempos tranquilos em Cuba que, com o apoio da União Soviética, podia levar avante seus esplêndidos projetos de saúde, de educação e de cultura. Contei que, por todos os lados que tinha ido em Cuba, nunca encontrei favelas mas uma pobreza digna e operosa. Contei mil coisas de Cuba que, segundo frei Betto, na época era "uma Bahia que deu certo”. Seus olhos brilhavam. Quase não comia. Enchia-se de entusiasmo ao ver que, em algum lugar do mundo, seu sonho de comunismo poderia, pelo menos em parte, ganhar corpo e ser bom para as maiorias.
Qual não foi o meu espanto quando, dois dias após, apareceu na Folha de São Paulo, um artigo dele com um belo desenho de três montanhas, com uma cruz em cima. Em certa altura dizia: "Descendo a serra de Petrópolis ao Rio, eu que sou ateu, rezava para o Deus de Frei Boff para que aquela situação do povo cubano pudesse um dia se realizar no Brasil”. Essa era a generosidade cálida, suave e radicalmente humana de Oscar Niemeyer.
Guardo uma memória perene dele. Adquiri de Darcy Ribeiro, de quem Oscar era amigo-irmão, uma pequeno apartamento no bairro do Alto da Boa-Vista, no Vale Encantando. De lá se avista toda a Barra da Tijuca até o fim do Recreio dos Bandeirantes. Oscar reformou aquele apartamento para o seu amigo, de tal forma que de qualquer lugar que estivesse, Darcy (que era pequeno de estatura), pudesse ver sempre o mar. Fez um estrado de uns 50 centímetros de altura E como não podia deixar de ser, com uma bela curva de canto, qual onda do mar ou corpo da mulher amada. Aí me recolho quando quero escrever e meditar um pouco, pois um teólogo deve cuidar também de salvar a sua alma.
Por duas vezes se ofereceu para fazer uma maquete de igrejinha para o sítio onde moro em Araras em Petrópolis. Relutei, pois considerava injusto valorizar minha propriedade com uma peça de um gênio como Oscar. Finalmente, Deus não está nem no céu nem na terra, está lá onde as portas da casa estão abertas.
A vida não está destinada a desaparecer na morte, mas a se transfigurar alquimicamente através da morte. Oscar Niemeyer apenas passou para o outro lado da vida, para o lado invisível. Mas o invisível faz parte do visível. Por isso ele não está ausente, mas está presente, apenas invisível. Mas sempre com a mesma doçura, suavidade, amizade, solidariedade e amorosidade que permanentemente o caracterizou. E de lá onde estiver, estará fantasiando, projetando e criando mundos belos, curvos e cheios de leveza.

FONTE: Retirado do blog; http://campanhavai.blogspot.com.br/2012/12/o-comunismo-etico-de-oscar-niemeyer-por.html

domingo, 9 de dezembro de 2012

D. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia foi obrigado a deixar sua residência devido a ameaças

D. Pedro Casaldáliga durante entrevista exclusiva ao QTMD? Foto: Ana Helena Tavares

O QTMD? recebeu ontem, sábado, 08/12, por volta das 18:30, através de um leitor brasileiro que mora na Catalunha, a notícia de que D. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, entrevistado pelo QTMD? em setembro, se encontra agora em local desconhecido, a mais de mil quilômetros de casa, onde está sob a tutela da Polícia Federal.

O bispo foi obrigado a deixar sua residência devido a ameaças que vem sofrendo de invasores de terras indígenas.

Uma história antiga que, em pleno fim de 2012, provoca esta situação humilhante para um bispo que dedicou sua vida às nobres lutas.

Quem o conheceu pessoalmente, quem viu o brilho em seu olhar e apertou suas mãos, sabe que qualquer mal que o façam é um atentado à humanidade, um ataque aos que acreditam na solidariedade.
Num momento em que o Brasil está de luto pela morte de um comunista que, apesar de ateu, comungava dos ideais defendidos pelo bispo do Araguaia, essa situação deveria envergonhar a todos.
Mas nossa imprensa não tem olhos para isso. Ontem, o QTMD? foi o 1º site a publicar a notícia em português, traduzida pelo nosso leitor diretamente de onde ele a leu em catalão.
Até o presente momento a mídia brasileira ainda não a repercutiu como deveria.
Ser obrigado, aos 84 anos e fragilizado pelo Parkinson, a se colocar como fugitivo era tudo o que D. Pedro não merecia. D. Pedro merecia o Nobel da Paz.

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 E-mail recebido dia 09.12.2012 às 9h de Ana Helena Tavares
Uma eterna aprendiz.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Belém: campeã da violência

Por Lúcio Flávio Pinto | Cartas da Amazônia – qua, 5 de dez de 2012

Belém, a "metrópole da Amazônia", com seus 1,4 milhão de habitantes, é a 10ª cidade mais violenta do mundo, segundo um levantamento feito pela organização não governamental mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, divulgado em outubro. Pelo critério de homicídios por grupo de 100 mil habitantes, 14 cidades brasileiras estão entre as 50 mais violentas do mundo.

Acima de Belém, está apenas Maceió, a capital de Alagoas, que ocupa a 3ª e desonrosa posição. No topo da lista se encontra a cidade de San Pedro Sula, em Honduras, com 158,87 homicídios por 100 mil habitantes. A posição seguinte é de Juárez, no México, cuja taxa é de 147,77.

A de Maceió é de 135,26. E a de Belém, que fecha o grupo das 10 cidades mais violentas do planeta, é de 78,08 homicídios para cada 100 mil habitantes.

As capitais brasileiras elencadas são Vitória (capital do Espírito Santo), em 17o lugar, com 67.82; Salvador (Bahia), em 22º, com 56.98, Manaus (Amazonas), em 26º, com 51.21. São Luís (Maranhão), em 27º, com 50.85 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, João Pessoa (Paraíba), em 29º, com 48.64; Cuiabá (Mato Grosso), em 31º, com 48.32; Recife (Pernambuco), em 32º, com 48.23, Macapá (Amapá), 36º, com 45.08; Fortaleza (Ceará), em 37º, com 42.90; Curitiba (Paraná), em 39º, com 38.09; Goiânia (Goiás), 40º, com 37,17, e Belo Horizonte (Minas Gerais), 45ª capital mais violenta do mundo, com taxa de 34.40 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Assim, das 50 cidades relacionadas como as mais violentas do mundo, 14 são brasileiras, 12 estão no México e cinco na Colômbia. Na América Latina, portanto, são 31; as restantes se espalham pelo mundo todo. O estudo analisou todas as cidades com mais de 300 mil habitantes dotadas de informações estatísticas sobre homicídios. São dados oficiais, que, como sabido, não abrangem a totalidade das ocorrências criminais.

O problema, por isso, é ainda mais grave do que parece. O Brasil desponta nesse ranking como o mais violento de todos os países, ao menos no meio urbano. Seus registros de mortes violentas indicam a brutalidade de uma situação que se tornou rotineira.

Ela esconde um fato ainda mais assustador: a barbaridade indiscriminada no cotidiano do cidadão está se transformando numa guerra não declarada entre o crime organizado e o aparato de estado. Com o agravante de nem sempre se poder identificar duas forças antagônicas, uma representando a ilicitude e outra como órgão de defesa da sociedade. Às vezes elas se confundem e mantêm relação promíscua, fazendo convergir sua força contra cidadãos completamente indefesos.

País vergonhosamente desigual, o Brasil é discriminatório até na violência. Das 16 capitais brasileiras com os mais elevados índices de homicídios do mundo, cinco ficam no Norte (ou Amazônia Legal), cinco no Nordeste, duas no Sudeste, uma no Sul e uma no Centro-Oeste. Considerando-se a dispersão dessa taxa pela população em geral, a situação é mais crítica na Amazônia, que ainda sofre as desditas da grande tensão que existe na sua vasta extensão de fronteira, aberta a todas as violações às leis.

O levantamento feito no México, em relação ao qual alguns analistas fazem suas restrições, questionando a confiabilidade da base de dados, é confirmado por um novo dado espantoso. Agora é o IBGE que alerta: o Pará é o Estado brasileiro no qual mais pessoas se sentem inseguras. A "sensação de insegurança" já atinge 63,1% da sua população, bem acima da já assustadora média nacional, de 47,2%.

A rua é o locus por excelência dessa insegurança coletiva. Mas ela não diminui em ambientes mais restritos ou sob maior controle. Pelo contrário, relativizando-se os números e circunscrevendo o Pará ao contexto nacional, a gravidade se acentua no caminho do cidadão para o bairro onde reside e a casa na qual mora.

Enquanto 32,9% dos brasileiros continuam inseguros em seus bairros, no Pará esse índice é de 50,9%, ainda acima de metade da população. E enquanto 21,4% dos brasileiros continuam se sentindo inseguros dentro de suas casas, no Pará esse universo é de 35,2%.

Ou seja: é no seu lar que, relativamente ao cenário nacional, os paraenses se sentem mais inseguros. Daí as moradias se terem tornado cidadelas de defesa do seu ocupante, com grades, cães de guarda, equipamentos de segurança.

Essa parafernália não é suficiente para eliminar o medo do cidadão a algum tipo de violência. É porque ele vai ao recôndito do lar descrente do aparato público destinado a prevenir, combater e reprimir a violência criminosa. O maior percentual de descrédito na polícia está no Pará.

Por isso, apenas 40% das vítimas de roubos e furtos, a maior ocorrência (de 8% a 12% dos paraenses já sofreram esse tipo de violência alguma vez, terceiro maior índice nacional), registram oficialmente o fato em uma delegacia. Procurar a polícia para quê? É o que pensa essa gigantesca massa de pessoas céticas em relação ao aparato estatal.

Um dado escandalizador, que põe fim de vez a essa falsa dicotomia entre insegurança concreta e sensação de insegurança, saída de emergência ou caminho de fuga para autoridades que não enfrentam o problema, ou não sabem como, enfrentando-o, resolvê-lo.

Poucos enfrentaram a questão e nenhum a resolveu até hoje, contribuindo para que o problema cresça, se agigante e ameace se tornar incontrolável. É claro que não está ao alcance da polícia resolvê-lo, mesmo que ela tivesse credibilidade, eficiência e honestidade. A matriz da situação é social.

Quase um quarto da população do Pará, a 9ª do país, que vive na região metropolitana da capital, depende de serviços, comércios, economia informal e criminalidade para viver. A vida depende cada vez mais de fatores instáveis ou aleatórios.

Oito anos de administração do PT, com o discurso e a ênfase no social, em nada alterou a progressão para cima desses índices sociais negativos em Belém. Houve avanços isolados, melhorias localizadas, iniciativas efêmeras e muito palavrório.

A estrutura produtiva continuou a sofrer os efeitos de distorções pela inacessibilidade à estrutura produtiva, a manutenção dos mesmos esquemas de sobrevivência e um populismo malsão. O trabalho é considerado cada vez menos um caminho para a prosperidade.

Quando era governador do Estado, o médico Almir Gabriel ironizou a imprensa, que se teria tornado alarmista ao confundir a violência real com a sensação de insegurança da população. Este não é um caso em que se pode aplicar por silogismo a indagação sobre quem veio primeiro: a violência ou o seu receio. A impressão ruim do cidadão era um reflexo, uma reação e também uma antecipação à crescente ameaça à sua integridade. O resultado: Belém vive um clima de violência próprio de uma praça de guerra.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PT ataca PSDB por ser contra "conta de luz mais barata"

BRASÍLIA, 7 Dez (Reuters) - O Diretório Nacional do PT, reunido em Brasília nesta sexta-feira, elaborou nota criticando o PSDB --principal partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff-- por ser "contra a conta de luz mais barata" e colocar "seus interesses econômicos e eleitorais acima do bem da população".

A crítica tem como base a recusa de três empresas estatais estaduais de energia -- Cesp, Cemig e Copel -- em aceitar a renovação das concessões. Com isso, a redução média das tarifas ficou em 16,7 por cento.

As três são de Estados comandados por governadores do PSDB, o que, a nota do PT ironiza como uma "coincidência".

A não adesão das empresas frustrou o plano anunciado pela presidente em setembro de reduzir as tarifas de energia a partir do próximo ano em 20 por cento.

"Estes governadores do PSDB e seus aliados --derrotados nas últimas eleições e de olho numa revanche em 2014-- são contra a conta de luz mais barata. Colocam seus interesses econômicos e eleitorais acima do bem da população e do empresariado que está com a presidenta nesta batalha, que dá continuidade à difícil redução dos juros e da carga tributária", diz a nota, à qual a Reuters teve acesso, vai ser divulgada nesta sexta.

O governo federal também reagiu à recusa das empresas em aderir à prorrogação na geração de energia culpando os governadores que dirigem os três Estados. Dilma se manifestou sobre o caso mais de uma vez e disse que o Tesouro irá bancar a queda adicional de energia, para cumprir a meta.

A nota do Diretório Nacional conclama a militância a mobilizar-se em defesa da aprovação da Medida Provisória 579, sobre concessões e mudanças nas tarifas de energia, e que os dirigentes e parlamentares petistas "se manifestem em todas as tribunas e espaços públicos".

O texto também relembra as privatizações do setor ocorridas no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, afirmando estar solidário aos trabalhadores da área, que "lutam para garantir trabalho decente e energia de qualidade, sem demissões, terceirizações e precarização, como ocorreu após as privatizações do setor sob FHC".

A reunião do Diretório Nacional, que começou nesta sexta, segue até amanhã. Na pauta está uma avaliação de conjuntura nacional e internacional e o regulamento para as eleições internas de novembro do próximo ano.

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, afirmou que iria se manifestar apenas depois da divulgação oficial da nota.



(Reportagem de Ana Flor)

FONTE: YahooNotícias

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

6 de dezembro de 2012 – 24 anos do assassinato do deputado João Carlos Batista.


Nem mortes nem cassações – A vida em primeiro lugar!


No momento que o Congresso Nacional, em um ato simbólico, reempossa os parlamentares cassados pela ditadura, é oportuno e justo resgatar a memória de um jovem parlamentar que não foi cassado, mas foi morto, aos 36 anos, por atuar ao lado dos trabalhadores na defesa da reforma agrária faz parte da defesa da democracia e do resgate da verdade histórica. 


Batista, como era conhecido João Carlos Batista, foi o único deputado assassinado no Brasil após o fim do governo militar. Atuou junto aos camponeses do Pará na luta pela reforma agrária. Ele foi morto em 6 de dezembro de 1988, depois de ter sofrido três atentados a bala (1985, 86 e 87), mesmo tendo solicitado, inúmeras vezes, formalmente, segurança ao poder público - que manteve-se omisso, acabou assassinado.

O crime organizado pelo latifúndio não vacilou. Assassinou um deputado no pleno exercício de seu mandato parlamentar, matando-o na frente da família, quando chegava em sua casa, localizada no centro de Belém (PA), após sair de uma sessão da Assembléia Legislativa do Pará.

Os mortos pelo latifúndio, entre 1964 e 2011, passam de dois mil, com escassos casos de assassinos e mandantes julgados e condenados.

Decorrido 24 anos do assassinato de João Batista dois pistoleiros foram presos. Os dois já foram mortos. Um degolado, ainda antes de ser julgado, dentro da prisão. O outro, condenado a 30 anos de prisão, foi morto em 12 de dezembro de 2010, em Teresina (PI) quando livremente continuava exercendo seu ofício de matador.Os mandantes continuam livres e sem terem sido julgados. Nem mesmo foram citados no processo.

Relembrar a memória de Batista, no dia em que sua morte completa 24 anos durante o ato do Congresso Nacional de reempossar os parlamentares cassados pela ditadura reafirma a necessidade da sociedade não permitir, nunca mais, cassações, nem mortes de lideranças, parlamentares e de nenhuma pessoa por lutar pela democracia e por justiça social.

O mandato de João Carlos Batista foi cassado pelas balas do latifúndio, por isso relembra-lo é importante para animar a fé na luta e em quem combate ao lado do povo.

Ditadura nunca mais.

João Carlos Batista vive.

Brasília, 4 de dezembro de 2012

Movimento de Olho na Justiça
Pedro César Batista
Izabel Suzuko Dias
Wanessa Dias Santos

FONTE: Retirado do Facebook / Grupo Pará sem Divisão: A Resistência 



Reportagem do Diário do Pará, 25/08/2012, 23:46:16 
http://www.diarioonline.com.br:81/noticia-216618-tiro-na-cabeca-matou-joao-batista.html

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Exposição CARLOS MARIGHELLA


Exposição Carlos Marighella no centro Cultural Caixa Econômica Federal no RJ. Depoimento do ex-deputado pelo PDT Carlos Fayal

http://lucianoseki.blogspot.com.br/2012/11/43-anos-da-morte-do-revolucionario.html

Marighella (ALN) Vida do Guerrilheiro


A história da América Latina é uma história de injustiça e exploração. Mas é também - e sobretudo - a saga da resistência de homens e mulheres que, ao longo de cinco séculos, deram suas vidas no combate aos usurpadores das riquezas do continente. Uma história escrita com o sangue de heróis como o inca Tupac Amaru, morto pelos espanhóis em 1572, e Condorcanqui, que sublevou os indígenas peruanos duzentos anos depois, considerado o precursor dos libertadores da América. Símbolos dessa luta pela emancipação latino-americana, Simon Bolívar, José Martí, Emiliano Zapata, Augusto Sandino e Ernesto Che Guevara, entre tantos outros, lideraram trabalhadores do campo e da cidade contra o opressor. Também guiado pela convicção na justiça social - e sob a bandeira do socialismo - o brasileiro Carlos Marighella procurou transformar de forma radical a realidade sócio-econômica do seu país. Com o resgate da trajetória de Marighella, trinta anos depois de seu assassinato pela ditadura militar, homenageamos todos os revolucionários do continente, cuja herança permanece atual como nunca. Lutar é preciso... Comunismo Já!!!

http://lucianoseki.blogspot.com.br/2012/11/43-anos-da-morte-do-revolucionario.html

PIG e suas artimanhas... Pense. Logo você existe!


#ÉGUA PAI'D'ÉGUA
Engendrar falsas notícias é produzir os anseios e vontade do PIG de deixar o povo refém.

Um tapa na cara da sociedade que esconde-se nas informações do "partido da imprensa golpista"; e sem procurar o contra-argumento faz-nos fantoche, imbecis manipulados pelas redes de fios que sustentam a paranoia das elites.

#FalandoAVerdade
Click no link para você ver o vídeo; você existe. Logo você pensa!!!


Revista Veja tem como acionários e donos também o Grupo Naspers sul Africano que sancionou leis para separar negor de brancos, e que apoiavam o EXTERMÍNIO DE NEGROS , a MATANÇA de negros durante o período do Apartheid , é nessa revista que você confia ? COMPARTILHEM PARA QUE TODOS SAIBAM.

#Carbono14
Curta a página e compatilhe; penso. Logo existo!
https://www.facebook.com/pages/Carbono-14/438797966167782

Foto: AQUI ESTÁ MAIS UMA DAS MONTAGENS GROSSEIRAS QUE ESTÃO CIRCULANDO NAS REDES SOCIAIS..Com a colaboração de 
Cris Battaglia e Sérgio Estrella...Desvendamos o mistério...Observem o "encaixe" do rosto postiço, no lugar de Dilma...Bem franksteiana...E TEM GENTE COMPRANDO GATO POR LEBRE!

AQUI ESTÁ MAIS UMA DAS MONTAGENS GROSSEIRAS QUE ESTÃO CIRCULANDO NAS REDES SOCIAIS... Desvendamos o mistério... Observem o "encaixe" do rosto postiço, no lugar de Dilma...Bem franksteiana...E TEM GENTE COMPRANDO GATO POR LEBRE!




Curta a página RESITÊNCIA E LUTA CABANA e fique ligado, pois nós não dormimos... 
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sábado, 1 de dezembro de 2012

José Saramago, 90 anos: “Ser comunista é um estado de espírito”


(Jorge Amado e José Saramago no Pelourinho em 1996. Foto de Zélia Gattai)
Uma pergunta perseguiu o Nobel de literatura português José Saramago (1922-2010) durante boa parte de sua vida: por que o senhor continua se dizendo comunista?, ouviu centenas de vezes. E sempre respondia: “Porque ser comunista ou ser socialista é um estado de espírito”. É algo que muita gente teima em não entender e confundir com partidos ou regimes fracassados… Sinto imensa saudade de Saramago.
Reproduzo um texto do escritor sobre o tema:
“Que significa hoje ser escritor comunista? À margem das distinções mais ou menos sutis que poderíamos fazer entre ser-se um escritor comunista e um comunista escritor (não é certamente o mesmo, por exemplo, ser-se jornalista comunista e comunista jornalista…), creio que a pergunta não vai dirigida ao alvo que mais importa. Pelo menos em minha opinião. Tiremos o escritor e perguntemos simplesmente: Que significa ser hoje comunista? Desmoronou-se a União Soviética, foram arrastadas na queda as denominadas democracias populares, a China histórica mudou menos do que se julga, a Coreia do Norte é uma farsa trágica, as mãos dos Estados Unidos continuam a apertar o pescoço de Cuba… Ainda é possível, nesta situação, ser-se comunista? Penso que sim. Com a condição, reconheço que nada materialista, de que não se perca o estado de espírito.
Ser-se comunista ou ser-se socialista é, além de tudo o mais, e tanto como ou ainda mais importante que o resto, um estado de espírito. Neste sentido, foi Ieltsin alguma vez comunista? Foi-o alguma vez Stalin? A epígrafe que pus em Objeto Quase, tirada de A Sagrada Família, contém e explica de modo claro e definitivo o que estou a tentar exprimir. Dizem Marx e Engels: ‘Se o homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias humanamente’. Está aqui tudo. Só um ‘estado de espírito comunista’ pode ter presente, como regra de pensamento e de conduta, estas palavras. Em todas as circunstâncias.”
(jornal Público, 10/10/1998)
Em 2008, Saramago foi sabatinado pelo jornal Folha de S.Paulo e declarou o seguinte sobre a “pergunta inevitável”:
“Como é que depois da queda da União Soviética, do derrubamento do muro de Berlim, dos processos de Moscou, da invasão da Hungria, como você continua a ser comunista? Eu poderia responder perguntando: ‘Você é católica? Como é que continua católica após a Inquisição?’ Mas disse: eu sou aquilo que se podia chamar ‘um comunista hormonal’. O que isso quer dizer? Da mesma maneira que tenho no corpo um hormônio que me faz crescer a barba, há outro hormônio que me obriga, mesmo que eu não quisesse, por uma espécie de fatalidade biológica, a ser comunista. é muito simples. Mais tarde, comecei a dizer que ser comunista é um estado de espírito. E é. Pode-se ler Marx, as obras mais importantes que Lenin escreveu, mas no fundo, no fundo, é um estado de espírito. (…) Marx nunca teve tanta razão como agora.”
E, por fim, por que o socialismo não deu certo, Saramago?
“O socialismo não se pode construir nem contra os cidadãos nem sem os cidadãos, e por isto não ter sido entendido é que a esquerda é hoje um campo de ruínas onde, apesar de tudo, uns quantos ainda teimam em buscar e colar fragmentos das velhas ideias com a esperança de poderem criar algo novo… ‘Irão consegui-lo?’, perguntaram-me, e eu respondi: ‘Sim, um dia, mas eu já cá não estarei para ver…’
(Cadernos de Lanzarote, volume V)


FONTE: http://www.socialistamorena.com.br/

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Para o Exército, PT seria incubadora de terroristas

Essa e outras revelações são feitas no livro Olho por olho: os livros secretos da ditadura de Lucas Figueiredo, mesmo autor de Ministério do Silêncio: A história do Serviço Secreto brasileiro de Washington Luis a Lula. O título diz “os livros secretos” no plural, porque relata a história de dois livros antagônicos que foram, cada um em seu tempo, produzidos sob total sigilo: BRASIL: NUNCA MAIS feito ainda durante a ditadura militar com arquivos roubados do Superior Tribunal Militar que compila uma série de violações aos direitos humanos feitas pelos agentes da repressão militar e ORVIL a resposta do Exército que serviria para contrapor às denuncias feitas pelo primeiro livro.
Acima os livros Brasil: Nunca Mais e Orvil também chamado de As tentativas de tomada do poderLivro BrancoTerrorismo: Nunca Mais

BRASIL: NUNCA MAIS
A história deste livro é tão impressionante que parece coisa de cinema. Um grupo de advogados e religiosos conseguiu o que parecia impossível: Entrar no prédio do Superior Tribunal Militar (um prédio cercado de seguranças); roubar toneladas (literalmente) de provas das atrocidades cometidas nos porões da ditadura e reuni-las num livro-denúncia.
Em março de 1979, no governo do general Figueiredo, os advogados passaram a ter mais facilidade para consultar processos de presos políticos no Superior Tribunal Militar. O STM reunia todos os processos contra presos políticos julgados em segunda instância e era lá que quase todos esses processos eram arquivados. A movimentação de advogados aumentou quando foi promulgada a lei de Anistia. Os advogados ficaram com medo que aqueles documentos fossem destruídos, pois a História mostra que ditaduras em processo de decomposição tendem a destruir as provas de seus crimes. Era preciso guardá-lo em local seguro.
Os processos eram públicos mas para um advogado consegui-los havia certa burocracia: era preciso entrar no prédio; se identificar na portaria; preencher um formulário; apresentar carteira da OAB; assinar um termo de compromisso; e só poderiam levar um processo por vez e devolvê-lo em 24 horas.O plano de pegar os documentos e xerocá-los foi discutido por um pequeno grupo de advogado e chegou ao ouvido de um religioso de firme atuação em direitos humanos: o pastor presbiteriano Jaime Wright cujo irmão havia desaparecido na repressão. O reverendo sabia que o “assalto branco” aos arquivos do STM poderia revelar o paradeiro de diversos presos políticos desaparecidos, inclusive o de seu irmão.
Foi durante uma viajem para recepcionar o educador Paulo Freire, que voltara do exílio, no aeroporto de Viracopos que Whight teve a idéia de chamar dois padrinhos poderosos para tocar o tão gigantesco projeto que, até então, tinha estrutura zero. Um forneceria sustentação política e o outro, ajuda financeira. Ele conseguiu o apoio do cardeal-arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e a ajuda financeira viria do secretário do CMI Conselho Mundial de Igrejas que congregava diversas igrejas pentecostais, ortodoxas e protestantes: Philip Potter.
Assim que chegou a ajuda financeira a primeira atitude foi alugar uma sala comercial em Brasília, bem perto do STM. Isso diminuiria o trabalho braçal dos advogados. Foram alugadas três maquinas de Xerox e foram contratados seis funcionários que se revezavam em dois turnos de trabalho. Os advogados Raimundo Moreira e Luiz Eduardo Grenhalgh passaram a visitar o STM todos os dias úteis da semana e levar, cada um, um processo debaixo do braço até a turma da clonagem, que nunca conseguiu entender porque os advogados precisavam copiar tantos documentos. Mais tarde outros advogados foram chamados e se juntaram a equipe formando um grupo de doze. Com o tempo foi necessário também abrir mais um turno de trabalho e as máquina de Xerox passaram a trabalhar 24 horas por dia e 7 dia por semana. Por segurança as cópias praticamente nem esfriavam e já eram levadas para São Paulo. Em São Paulo o trabalho era mais diversificado: funcionários e colaboradores com qualificações variadas atuavam em várias frentes: microfilmagem, pesquisa, computação e análise de dados. Todas as fases eram coordenadas pelo jornalistaPaulo de Tarso Vannuchi que se juntara ao grupo por lealdade ao cardeal Arns e por ter perdido o primoAlexandre Vannuchi nos porões da repressão. Os idealizadores do Brasil: Nunca Mais tinha um plano B. Caso a sala de Brasília ou o galpão de São Paulo fossem "estourados" pela repressão: uma cópia do projeto estaria a salvo fora do país.
A tarefa parecia infinita mas não era, em 1982 chegou ao fim. A equipe conseguiu o que parecia irrealizável: obter praticamente toda a coleção dos processos políticos que tramitavam no STM entre 1964 e 1979. A memória oficial da repressão já não pertencia apenas aos militares. O documento-mãe produzido pelos pesquisadores do Brasil: Nunca Mais, chamados por eles candidamente de Projeto A, tinha 6.891 páginas divididas em 12 volumes. Ali estava a contabilidade do inferno:
  • Entre 1964 e 1979, mais de 17 mil pessoas passaram pelo banco da Justiça Militar;
  • 7.367 foram formalmente acusadas;
  • 38,9% dos réus tinham no máximo 25 anos. Destes, 3% não tinha sequer 18 anos quando foram processados;
  • 3.613 pessoas foram presas;
  • 84% das prisões não haviam sido comunicadas à Justiça;
  • 1.843 pessoas declararam em juízo terem sido torturadas na prisão; Das cerca de 400 mortes produzidas pela repressão, praticamente um terço incluiu o desaparecimento do corpo da vítima.
O projeto A era sem dúvida uma riqueza extraordinária, porém, suas 6.891 páginas o tornavam, praticamente inacessível para qualquer mortal. Para resolver a questão d. Evaristo Arns chamou o jornalista Ricardo Kotscho, que tinha o cardeal como uma de suas melhores fontes. O cardeal disse que Kotscho deveria trabalhar em dois turnos, pois não poderia deixar seu cargo na Folha de São Paulo a fim de não levantar suspeitas. O jornalista tremeu de medo, mas aceitou. Para fazer dupla com Kotscho o cardeal chamou o frade dominicano e ex-preso político Frei Betto. Depois de pronto era preciso uma editora para publicar o livro. Após receber várias respostas negativas de editoras laicas que estavam com medo de sofrerem alguma represália dos militares. O livro foi publicado pela editora dos franciscanos, a Vozes. O parecer da obra foi dado pelo frei Leonardo Boff, já naquela época uma das principais referências na Teologia da Libertação. O nome foi inspirado no livro Nunca Más, recentemente lançado na Argentina, que denunciava nomes e métodos da repressão que matara 30 mil pessoas naquele país entre 1976 e 1983. Depois de esperar para ver como se daria a delicada secessão presidencial onde seria empossado um presidente civil: José Sarney, que assumiu o cargo após a morte do presidente eleito Tancredo Neves, o livro foi finalmente publicado.
Quatro meses depois do lançamento do Brasil: Nunca Mais, d. Paulo finalmente liberou para a imprensa a lista com os nomes dos 444 agentes da repressão denunciados como torturadores. Foi outra bomba: em todo o país, torturadores passaram a ser apontados nas ruas, alguns chegaram a perder seus empregos. Um dos principais acusados, com 22 denúncias de tortura, o ex-tenente Marcelo Paixão, chamou num canto suas duas filhas, na época com 13 e 14 anos, e contou-lhes sobre seu passado, como relataria à revista Veja:
- Nunca disse a elas que fui um santinho. Disse a elas que não pensassem que eu não bati em alguém. Bati sim. Elas ficaram um pouco chocadas e disseram: “Pai, já sabemos, mas agora para”. Não queriam detalhes. Eu segui a minha vida. Não adianta esconder esse tipo de coisa. A verdade uma hora vem à tona.
A maioria dos acusados como o general Octavio Medeiros, preferiu calar-se. Médicos que tinham auxiliado torturadores nos porões da ditadura foram boicotados em hospitais, e em Minas e São Paulo tiveram seus registros cassados. Apesar de denuncias contundentes o número de punições foi pequeno. Na maior parte dos casos os criminosos pagaram apenas com a exposição pública de seus crimes. Passada a avalanche, d. Paulo ofereceu o acervo com mais de 1 milhão de páginas à PUC de São Paulo e a USP mas ambas, com medo de represálias, não aceitaram. A Unicamp de Campinas corajosamente, recebeu o material e ainda o disponibilizou para pesquisa. O livro feriu as Forças Armadas. Além de atingir o 444 militares torturadores listados, Brasil: Nunca Mais feriu as instituições a que eles pertenciam. Haveria troco, mas na mesma moeda: em forma de livro.

ORVIL
A caserna se enfureceu com a revelação de seus pecados. Um em especial sentiu a pancada: o Ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves. Foi ele que decidiu que o vice-presidente José Sarney deveria assumir o cargo após a morte de Tancredo Neves. Além de servir de escudo para o cambaleante governo Sarney, Leônidas também servia de escudo para os militares torturadores. Os militares toparam devolver o poder aos civis desde que não o aborrecessem com cobranças sobre o que havia acontecido nos porões da ditadura.
Ainda tentando conter a crise que desabou sobre as Forças Armadas, Leônidas teve a idéia de fazer um livro para contrapor a o livro feito pela Arquidiocese de São Paulo e mostrar o lado dos militares nesta história. Para Leônidas, o livro Brasil: Nunca Mais era parcial pois pintava os opositores do regime indiscriminadamente como heróis da democracia. Leônidas acreditava que em 1964 a sociedade havia chamado os militares para conter a bagunça sindical de João Goulart. Segundo o general, quem começou a violência foi a Esquerda com o atentado feito por militantes da Ação Popular (AP) no aeroporto dos Guararapes, no Recife, para matar o presidente militar Costa e Silva. Leônidas questionava porque d. Paulo retirou dos arquivos apenas o que interessava aos opositores do regime. E o lado feio, mau, e desajustado da Esquerda? Perguntava ele. Era verdade que os militares haviam matado cerca de 400 pessoas pela repressão, mas o Exército também tinha a sua lista: os arquivos do CIE – Centro de Informações do Exército estavam abarrotados de registros detalhados de ações violentas da Esquerda que resultaram na morte de aproximadamente cem pessoas, entre militares policiais, guardas de banco, empresários ligado à repressão e até companheiro de armas, justiçados em nome da revolução socialista.
Os militares então a pedido de Leônidas fizeram um livro retratando a versão das Forças Armadas sobre os fatos, a projeto do livro foi feito em total sigilo e foi denominado Projeto ORVIL que quer dizer livro ao contrário. A cargo do projeto ficou o coronel Agnaldo Del Nero: foi confiada a ele a missão de desconstruir o Brasil: Nunca Mais. Ele era um grande estudioso do anticomunismo, uma obra que ele amava era o livro Arquipélago Gulag do dissidente político soviético Soljenítsin que havia sido preso sobre ordem do comandante Joseph Stalin. Material para isso era o que não faltava, o coronel e sua equipe tinham a disposição milhares de toneladas de documentos produzidos pelos Serviços Secretos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Além disso, os militares estudaram depoimentos dos presos políticos e até livros escritos por ex-exilados como Fernando GabeiraAlfredo Sirkis e Daniel Aarão Reis Filho. Depois de pronto, o resultado foi um livro dividido em dois tomos com 919 páginas. O coronel Del Nero o batizou deAs tentativas de tomada do poder.
Terminado o livro bastava apenas a permissão do presidente da República para publicá-lo, Leônidas acreditava que aquele era o momento perfeito, pois sociedade ainda estava agitada com as repercussões do livro Brasil: Nunca Mais. Foi então que o general foi até o gabinete do presidente Sarney e lhe contou sobre o livro e sobre a intenção de publicá-lo. Sarney olhou silenciosamente o livro, tendo idéia da bomba que estava em suas mãos, olhou fixamente para Leônidas e disse:- O processo de Abertura está sendo um sucesso, não vale a pena reabrir feridas do passado que já estão cicatrizando. Leônidas ficou muito aborrecido, mas como um obediente soldado acatou a decisão. A missão de Leônidas a partir dali era a de esconder o livro, o momento certo para ele ser lançado já havia passado.
A missão de esconder o livro foi bem conduzida durante 28 anos. As únicas 15 cópias do livro circularam entre um seleto grupo de militares e homens da extrema-direita. Até que, em 2007, por sorte ou por destino Lucas Figueiredo teve acesso ao livro. Ao pesquisar material para o livro Ministério do Silêncio foi até a casa de um militar que lhe mostrou o livro. Lucas Figueiredo já tinha ouvido falar da possível existência do livro ao entrevistar um ex-agente do SNI que lhe contou que o livro existia, mas ele mesmo nunca havia visto. Figueiredo pediu emprestado o livro, mas o militar disse que este livro, especificamente, ele não poderia emprestar. Depois de vários dias pensando em como ter o livro ele resolveu ligar para o militar novamente. Ao telefone desconversou, falando sobre todos os outros livros que o militar tinha lhe emprestado, até dizer que queira dar mais uma olhada em ORVIL. O militar lhe disse: - Estou de saída, vou ficar fora de casa a tarde inteira, faz o seguinte, pega o livro aqui em casa e depois você me devolve. Foi assim que depois de 28 anos foi conseguido furar o cerco ao livro secreto dos militares.
Depois de pegar o livro Lucas Figueiredo precisava atestar sua autenticidade. Para isso ligou para alguns ex-guerrilheiros citados no livro: Um deles disse que, apesar de alguns erros, manipulações e mentiras os fatos correspondiam à realidade. Outro se surpreendeu: - Eles descreveram até a cor de nossos carros usados no sequestro do embaixador americano. Só faltou dizer a cor de nossas camisas! Figueiredo também comparou com alguns documentos públicos do Exército e viu que, embora não constasse fonte, os textos eram quase idênticos. As revelações mais interessantes contidas em ORVIL são as de ações de guerrilheiros opositores do regime que mais tarde ocupariam altos cargos da República:

Oscar (VPR) – Depois de assaltar um carro-forte, ele participou da tentativa de sequestro do cônsul dos Estados Unidos em Porto Alegre, em 1971, quando tinha 19 anos de idade. Três décadas depois, o guerrilheiro juvenil se tornou prefeito de Belo Horizonte. Seu nome é Fernando Pimentel [atual ministro do governo Dilma];



Honório e Valdir (DI/GB) – fizeram parte do grupo de seqüestradores do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em 1969. Valdir é o jornalista Franklin Martins, nomeado, quatro décadas depois do sequestro, ministro da Comunicação Social do governo Luis Inácio Lula da Silva. Honório é Fernando Gabeira, também jornalista, deputado federal desde 1995;

Daniel (Molipo) – Foi um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador Charles Elbrick. Como nunca chegou a pegar em armas, mesmo tendo sido treinado em Cuba, o livro secreto não lhe deu muita importância. Seu nome verdadeiro: José Dirceu, deputado federal por dois mandatos e ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula;







Mateus (ALN) – Junto com outros guerrilheiros, assaltou o trem pagador Santos-Jundiaí e o carro pagador da Massey Ferguson, em 1968. Trata-se de Aluisio Nunes Ferreira, que três décadas depois, no governo Fernando Henrique Cardoso, ocuparia o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República e posteriormente ministro da Justiça; [atualmente é senador]







Estela (Polop, Colina e VAR-Palmares) – “Papisa da subversão”, como era chamada nos processos da Justiça Militar, ela planejou e coordenou o roubo do cofre de Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo [Veja detalhes na página GUERRILHA]. A ação rendeu à VAR-Palmares 2.800.064 dólares (17 milhões de dólares em valores de 2009), até então a “expropriação” mais rentosa da história da esquerda em todo o mundo. Ela é Dilma Rousseff ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula. [atual presidenta da República];



Ficha da Dilma no DOPS: A verdadeira.

Jair (VAR-Palmares) – Outro dos assaltantes do cofre do Adhemar, ele é Carlos Minc, [foi] Ministro do Meio-ambiente do governo Lula.
(grifo meu) pp. 94-95




Fernando Henrique Cardoso – [...] um agitador que usava a fachada do prestigiado Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) para se reunir com “subversivos” que buscavam nele uma “inspiração”.




José Serra aparecia como “ativo pombo correio” de uma frente criada no exterior para supostamente denegrir a imagem do Brasil com “notícias deturpadas” e “falsas denúncias” de assassinato e tortura de presos políticos.
pp. 97-98







RESGATANDO A HONRA DE JOSÉ GENUÍNO
Em ORVIL, ao contar a história do guerrilheiro Geraldo codinome de Genuíno (um do poucos sobreviventes daGuerrilha do Araguaia) o Exército acaba fazendo uma das revelações mais inesperadas do livro. Durante a redemocratização o Exército espalhou a lenda de que José Genuíno havia entregado os companheiros facilmente, sem ter sido torturado, apenas por medo: “- Entregou os companheiros sem levar uma tapa se quer” como vive tagarelando o deputado Jair Bolsonaro, principal disseminador de mentiras da extrema-direita. José Genuíno nunca teve problemas para se tornar uma importante figura política do PT e da Esquerda, mas a lenda de traidor o perseguia. Foi então que, ao analisar o livro ORVIL, Lucas Figueiredo pôs fim à mentira. O livro dizia que Genuíno havia mesmo entregado os destacamentos de guerrilheiros do PCdoB. Mas logo depois se contradizia: relatando que Genuíno forneceu informações de áreas que haviam sido destruídas nos primeiros dez dias de atuação das Força Armadas. Ou seja, o ORVIL confirmou o que Genuíno sempre dissera: havia dado informações verídicas aos seus interrogadores, mas essas informações eram calculadamente ultrapassadas.


FATOS OCORRIDOS NA DITADURA COM A INTERPRETAÇÃO DOS MILITARES

GOLPE MILITAR 
“revolução democrática”


TORTURA
“farsa plantada pela esquerda”


DESAPARECIDOS POLÍTICOS
“todos os subversivos presos permanecem vivos e foram postos em liberdade”


CORTEJO AO CORPO DO ESTUDANTE EDSON LUIS
“baderna”


PRISÃO DE ESTUDANTES NO CONGRESSO SECRETO DA UNE EM 1968
“drogas, bebidas alcoólicas e grande quantidade de preservativos já utilizados”


MOVIMENTO ESTUDANTIL MINEIRO 
"motor da guerra revolucionária”


SEQUESTRO DE DIPLOMATAS
“terceira tentativa de tomada do poder”


ASSASSINATO DE VLADIMIR HERZOG
“suicídio lamentável”


DIRETAS JÁ E CRIAÇÃO DO PT
“Quarta tentativa de tomada do poder pelos comunistas”


AS VÍTIMAS DA ESQUERDA
Assim como o livro BRASIL: NUNCA MAIS denunciava os crimes dos militares o livro ORVIL denunciava os crimes da Esquerda que com o passar dos anos escondeu suas ações autoritárias e violentas, preferindo criar o mito de que o único objetivo da luta armada era a democracia. O livro secreto demonstra que o restabelecimento da democracia nunca esteve nos planos da Esquerda armada que queria outra ditadura: a ditadura do proletariado. A Esquerda cometeu ao todo menos de 100 crimes, dentre eles:
O assassinato do capitão dos Estados Unidos Charles Chandler, em 1968, sob a acusação (nunca comprovada) de que era agente da CIA.

E o de Henning Boilesen, assassinado pela guerrilha em 1971: a Esquerda dizia que ele patrocinava a Oban (verdade) e que era espião da CIA (mentira) [Veja o documentário Cidadão Boilesen]
Dentre os crimes da Esquerda Armada o mais vergonhoso talvez seja os “justiçamentos”: que é quando os militantes se tornam, ao mesmo tempo, tribunal e carrascos: julgam e depois executam companheiros suspeitos de traição. [Saiba mais sobre isso na entrevista com o ex-guerrilheiro Jacob Gorender]

O PRÓPRIO EXÉRCITO ENTREGOU SEUS CRIMES
ORVIL foi criado pelo Exército com o objetivo se defender e justificar seus atos. Mas Lucas Figueiredo, ao analisar o livro, descobriu que o Exército acabou, sem querer, assumindo 22 crimes que ele sempre negara.
Abaixo a lista de mortos que o Exército acabou assumindo no livro:
  • Alcery Gomes da Silva
  • André Grabois
  • Antônio Carlos Monteiro Teixeira
  • Antônio dos Três Reis Oliveira
  • Bergson Gurjão Farias
  • Ciro Flávio Salazar de Oliveira
  • Francisco José de Oliveira
  • João Guarlberto Calatrone
  • Divino Ferreira de Souza
  • Boanerges de Souza Massa
  • Helenira Resende de Souza Nazareth
  • Idalísio Soares Aranha Filho
  • Jeová Assis Gomes
  • João Carlos Haas Sobrinho
  • Joelson Crispim
  • José Toledo de Oliveira
  • Kleber Lemos da Silva
  • Maria Lucia Petit da Silva
  • Miguel Pereira do Santos
  • Manoel José Nurchis
  • Ruy Carlos Vieira Berbert
  • Wânio José de Mattos
[...] o Orvil era a prova de que o Exército não só sabia que aqueles guerrilheiros estavam mortos como conhecia o destino dado aos corpos. O livro secreto era a evidência material de que a força terrestre ocultava, além de ossos, uma parte da história do Brasil. P. 146

SOBRE O PARTIDO DOS TRABALHADORES
Segundo o livro ORVIL a organização mais temida pelo militares não era nenhuma que havia participado da luta armada. Era o Partido dos Trabalhadores - PT, fundado em 1980, o partido seria uma incubadora de terroristas. O livro afirmava que o partido de Lula não poderia ser considerado revolucionário ainda, mas para isso acontecer bastava que uma organização marxista e revolucionária chegasse à direção do partido. Segundo Daniel Aarão Rei Filho, ex-guerrilheiro do MR-8 e hoje um dos mais respeitados historiadores do país, essa tese é furada. A Esquerda passou por um processo de metamorfose: os guerrilheiros abandonaram as armas e aceitaram jogar o jogo da democracia. Coisa que os analistas de Direita têm dificuldade de perceber ou admitir.

Figueiredo, Lucas, 1968
   Olho por olho: os livros secretos da ditadura / Lucas Figueiredo. - Rio de Janeiro: Record, 2009.

Veja a entrevista de Lucas Figueiredo
Veja a entrevista de dom Paulo Evaristo Arns   
Veja a entrevista do general Leônidas Pires Gonçalves
Baixe o livro Brasil: Nunca Mais

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